OS FILHOS DE OBALUAIÊ

Os protegidos de Obaluaiê são pessoas perfeccionistas que buscam dar o melhor de si em tudo o que fazem. Quando apostam suas fichas num projeto não desistem de vê-lo realizado, leve o tempo que for preciso. Aliás, paciência é o que não falta a essas pessoas. Sua aparência de fragilidade e seu olhar triste escondem uma pessoa de grande inteligência e capacidade para alcançar grande sucesso. São muito preocupados com tudo o que acontece no mundo, o que faz com que caiam numa profunda tristeza, sem muitas explicações para os outros.
Ter os amigos ao seu lado é de extrema importância, pois é com eles que consegue se realizar como pessoa produtiva e importante. Introspectivos, pensativos, são seus filhos. Reservados, observadores, pesquisadores, modestos, simples, porém muito misteriosos. 
 
 
Normalmente são pessoas que falam pouco e que tem muito poucos amigos, porém amigos sinceros e verdadeiros e amigos para sempre. São lentos, calmos, estudiosos, mas com certeza uma forte parte envolvendo a feitiçaria, a alquimia, são pessoas literalmente eremitas. A solidão para eles é fundamental para o seu crescimento e importante, porque da solidão é que eles tiram a solução para os problemas difíceis daqueles que o cercam. Com certeza, talvez a qualidade mais introvertida deste Orixá é o silêncio. Seus filhos são alegres e gozadores, brincalhões, amigos sinceros e apesar de inconstantes, são amantes fervorosos e entusiasmados.
Muitas vezes são até atirados quando não conseguem agradar, quando não conseguem atingir seus objetivos, porém esse comportamento envolve muito os filhos jovens que são iniciados para esse Orixá deixando o lado sombrio para a vaidade maior, mesmo com o tempo de feitura, mesmo com o tempo de iniciação, eles acabam se ajustando ao próprio comportamento, ao próprio arquétipo desses filhos.
 
 
Com certeza não existe ninguém totalmente bom, nem ninguém totalmente mau, porém o lado negativo dos filhos de Obaluaiê é que são pessoas medrosas, inseguras, indecisas, nervosas e agressivas. Os filhos de Obaluaiê têm fortes tendências ao suicídio, devido acreditarem que a vida é sempre contra eles. São fatalistas, dramáticos, exagerados nos dramas. Secam as pessoas somente com o olhar. Com certeza são pessoas com defeitos que se destacam, mas são irresponsáveis, aparentam desleixo, esquecimento, mas são, com certeza atentos e sempre prontos para cumprir suas promessas.

São pessoas que abrem mão da sua própria vida em prol dos outros. São pessoas capazes de muitas vezes provocar verdadeiras guerras envolvendo várias e várias pessoas para defender muitas vezes somente uma e o negativo dos filhos deste Orixá é cair na antipatia das pessoas, pois não medem sacrifícios, não medem esforços, não medem recursos para atingir seu objetivo de vingança, mas na síntese são pessoas boas e seu elemento básico é a proteção, é a saúde.

Os filhos de Obaluaiê são pessoas que não se sentem satisfeitas se a vida corre tranqüila. Podem atingir situação financeira boa e um belo dia joga tudo para o alto, por conta de sua mania de perseguição. Em certos casos, são capazes de proporcionar o bem estar dos outros, esquecendo os seus próprios interesses e necessidades. São pessoas masoquistas, pessimistas, com tendências a autodestruição e solitárias. Costumam se manter à parte do seu círculo de amizades. Isso quer dizer que são pessoas que vêem em si mesmas uma série de defeitos e sofrimentos – que normalmente são exagerados – e mostram esses defeitos e sofrimentos em suas atitudes.

Apesar de serem pessoas doces e sinceras, quando estão amando, não costumam demonstrar seus sentimentos, tem grandes dificuldades em se entregarem. Parecem manter sempre um pé atrás com a pessoa amada, como se ela pudesse lhe trair a qualquer momento. Procuram dar provas de sua dedicação e fidelidade no dia a dia, com coisas práticas. Não são chegados a datas românticas, nem a declarações de amor, não que sejam frios, mas preservam seus momentos íntimos e só se entregam quando suas intuições lhe dão a certeza de que encontrou uma pessoa que lhe ama de verdade.

Como sempre dá provas de fidelidade e confiança, não gostam de ter de cobrar a pessoa amada. Caso essa venha lhe trair a confiança, não tomam nenhuma atitude precipitada. Primeiro esperam que ela venha lhe contar e só depois pensam em perdoar, caso contrário, terminam tudo e guardam grande ressentimento, que pode demorar a ir embora. Sofrer por um grande amor pode fazer com que isolem seu coração de um novo relacionamento por anos, o que é péssimo.

No setor trabalho, os filhos de Obaluaiê não são apenas pessoas de inteligência privilegiada como também são muito ambiciosas. Mas não se dão bem em profissões que busque apenas ganhar dinheiro. Realizam-se quando podem ajudar os outros como médico dentista ou veterinário, por exemplo. Profissões que exijam concentração, análise como pesquisas cientificas ou ligadas a terapias naturais fazem com que alcancem o sucesso. São sempre muito preocupados com o dia de amanhã, procuram economizar quase tudo o que ganham. Apesar de fazerem questão de viver com conforto, não abrem mão de garantir uma poupança para um socorro imediato.
Os filhos de Obaluaiê costumam ter a saúde prejudicada por doenças psicossomáticas, ou seja, de fundo emocional. Quanto mais sofre pelos outros mais se entristecem com o mundo, mais criam doenças para si mesmos. Precisam lutar também para não caírem em depressão. Devem buscar fazer meditação, aumentar a fé, estar ao lado de crianças e pessoas alegres. Se estiverem com o espírito fortalecido, dificilmente cairão doentes.

Os filhos de Obaluaiê guardam um forte mistério no coração, como se pudesse prever o que vai acontecer às pessoas. Procuram então ajudá-las o máximo possível, mas lembrando-se de que as pessoas só passam por aquilo que lhes é necessário para crescer.

Os filhos de Obaluaiê são pessoas extremamente pessimistas e teimosas e adoram exibir seus sofrimentos. São deprimidos e depressivos, são capazes de desanimar o mais otimista dos seres; acham que nada pode dar certo, que nada está bom. Às vezes são doces, mas geralmente possuem manias de velho, são rabugentos, gostam de dar ordem e são do tipo que não levam desaforo para casa e se sentirem ofendidos respondem no mesmo ato.
Não importa a quem pense que só eles sofrem, mas ninguém os compreende, são perversos e adoram irritar as outras pessoas. São lentos, exigentes, reclamões, reclamam muito, são deprimidos, amargos e vingativos, é difícil relacionar-se com eles. Parece que eles são pessoas que possuem muitos defeitos e poucas qualidades, mas eles têm várias qualidades que podem compensar qualquer defeito, pois são extremamente prestativos e trabalhadores.
A pedra ideal para andar sempre junto é a turmalina negra.

 

Kukuana

 A nação de Angola, assim como todas as outras, possui e comemora as datas festivas com entusiasmo e muita alegria, trazendo em público suas tradições. Nessa postagem, quero ressaltar uma comemoração muito pouco conhecida dos iniciantes e alguns adeptos do Candomblé, a Kukuana. 

A Kukuana é uma festa de Angola (Olubajé – Iorubá / Zandró – Jeje) realizada no mês de agosto em homenagem ao Nkisi Kavungo. É um ritual com 7 dias de duração (se for dia 16, começa no dia 10). Como Kavungo responde com 7 búzios abertos e 9 ficam fechados, para se quebrar a kisila do 9 faz-se um balaio com comidas de Kiala, não podendo faltar 9 acarajés para Kaiangu. Na véspera da festa todos os filhos de Kavungo devem copar para o seu santo um bicho de pena. Nenhum filho de santo da casa poderá faltar as rezas. Dentre todas as rezas, a principal é a Fakoti (principal de Kavungo). Todos os filhos de santo não poderão se sentar à Roda sem que tenham tomado seu jawá e assendido sua vela em volta do balaio de deburu.

Não é obrigatório se fazer festa para o povo. Pode-se optar por um ritual interno sempre acompanhado da ngudia de todos os nkisi. Se houver festa é necessários e fazer entre 10 e 16 comidas de santo para serem servidas aos convidados (essas devem ser temperadas). 

 

Comidas servidas:

 

Padê; feijão fradinho; feijão preto; batata doce; batata baroa; inhame; espiga de milho; canjica; acaçá doce ou salgado; camarão; acarajé; peixe de escama;  carne de porco; ovos cozidos; amendoim torrado; aberém, deburu; frutas e outras comidas, fazem parte desse banquete.

As comidas são trazidas e servidas pelos filhos de santo em folha de mamona branca. As sobras das pessoas bem como dos alguidares não são jogadas fora. São sagradas, levadas pelo nkisi e ficam na casa.

É um ritual lindo mas muito complexo. Aqueles que não tem o total conhecimento do ritual não deve fazê-lo.

Esse ritual acontece, geralmente no mês de agosto, assim como o Olubajé, mas possui suas peculiaridades, a começar pelas conotações: Olubajé homenageia Omulu/Obaluaiê e sua família, com danças, rezas e comidas, para livrar seus seguidores das doenças, rezas e comidas para livrar seus seguidores das doenças, mazelas e pestes.

A kukuana é a festa da terra, da fartura, da prosperidade à mesa, pois sua tradução, quer dizer, mesa farta.

Existem, ainda, alguns barracões de Angola, regidos por antigas tradições, que durante esse mês, fazem peregrinações, procissões, juntam alimentos para doar aos pobres e levam comida para os cachorros (banquete).

O deburu é lançado pelo zelador nos participantes e nas instalações do barracão, para purificar e para fazer a limpeza ritual do ambiente e das pessoas.

Um grande cesto é colocado para que se deposite as folhas de mamona em foram servidas as comidas, a fim de serem despachadas ao final da festa.
Após o banquete, os Nkisis já aparamentados, voltam ao salão, a fim de celebrar a grande festa, com suas danças e assim cumprimentando e abençoando todos os convidados.

Como no Olubajé, a kukuana é uma comemoração muito bonita, infelizmente muito pouco praticada por seus seguidores. Geralmente, na maioria dos barracões de Angola, se fazem uma cerimônia interna. Aproveito para incentivar a todos os zeladores de nossa querida Angola a externar nossa alegria de poder agradecer à terra, tudo de bom e de fartura que ela nos dá.

Obaluaiê


OBALUAIÊ

ABSTINÊNCIA
 
Obaluaiê era muito mulherengo e não obedecia a nenhum mandamento que fosse. Numa data importante, Orunmilá advertiu-o que se abstivesse de sexo, o que ele não cumpriu. Naquele mesmo dia possuiu uma de suas mulheres. Na manhã seguinte despertou com o corpo coberto de chagas.

Suas mulheres pediram a Orunmilá que intercedesse junto a Olodumarê, mas este não perdoou Obaluaiê, que morreu em seguida.
Orunmilá usando o mel de Oxum, despejou-o por sobre todo o palácio de Olodumarê.
Este, deliciado, perguntou a Orunmilá quem havia despejado em sua casa tal iguaria.
Orunmilá disse-lhe que havia sido uma mulher. Todas as divindades femininas foram chamadas, mas faltava Oxum, que confirmou ao chegar que era seu aquele mel. Olodumare pediu-lhe mais, ao que Oxum lhe fez uma proposta.
Oxum daria a ele todo o mel que quisesse, desde que ressuscitasse Obaluaiê.
Olodumarê aceitou a condição de Oxum, e Obaluaiê saiu da terra vivo e são.

AS DUAS MÃES DE OBALUAIÊ

Filho de Oxalá e Nanã, nasceu com chagas, uma doença de pele que fedia e causava medo aos outros, sua mãe Nanã morria de medo da varíola, que já havia matado muita gente no mundo. Por esse motivo Nanã, o abandonou na beira do mar. Ao sair em seu passeio pelas areias que cercavam o seu reino, Iemanjá encontrou um cesto contendo uma criança. Reconhecendo-a como sendo filho de Nanã, pegou-a em seus braços e a criou como seu filho em seus seios lacrimosos.
 
O tempo foi passando e a criança cresceu e tornou um grande guerreiro, feiticeiro e caçador. Se cobria com palha da costa, não para esconder as chagas com a qual nasceu, e sim porque seu corpo brilhava como a luz do sol. Um dia Iemanjá chamou Nanã e apresentou-a a seu filho Xapanã, dizendo: Xapanã, meu filho receba Nanã sua mãe de sangue. Nanã, este é Xapanã nosso filho. E assim Nanã foi perdoada por Omulu e este passou a conviver com suas duas mães.

A VIDA ENSINA

Quando Omolu era um menino de uns doze anos, saiu de casa e foi para o mundo para fazer a vida. De cidade em cidade, de vila em vila, ele ia oferecendo seus serviços, procurando emprego. Mas Omolu não conseguia nada. Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava, e ele teve que pedir esmola.

Tinha um cachorro que o acompanhava. Omolu e seu cachorro retiraram-se no mato e foram viver com as cobras. Omolu comia o que a mata dava: frutas, folhas e raízes. Mas os espinhos da floresta feriam o menino. As picadas de mosquitos cobriam-lhe o corpo.Omolu ficou coberto de chagas.
Só o cachorro confortava Omolu, lambendo-lhe as feridas. Um dia, quando dormia, Omolu escutou uma voz:
-Estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo.
Omolu viu que todas as feridas estavam cicatrizadas. Não tinha dores nem febre. Omolujuntou as cabacinhas, os atos, onde guardava água e remédios que aprendera a usar com a floresta, agradeceu a Olorum e partiu.
Naquele tempo uma peste infestava a Terra. Por todo lado estava morrendo gente, todas as aldeias enterravam seus mortos. Os pais de Omolu foram ao babalaô e ele disse queOmolu estava vivo e que ele traria a cura para a peste.
Todo lugar aonde chegava, a fama precedia Omolu. Todos esperavam-no com festa, pois ele curava. Os que antes lhe negaram até mesmo água de beber agora imploravam por sua cura. Ele curava a todos, afastava a peste. Então dizia que se protegessem, levando na mão uma folha de dracena, o peregum, e pintando a cabeça com efum, ossum e uági, os pós branco, vermelho e azul usados nos rituais e encantamentos. Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa, para que a praga não pegasse outras pessoas da família. Limpava as casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro, seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, o xaxará.
Quando chegou em casa, Omolu curou os pais e todos estavam felizes. Todos cantavam e louvavam o curandeiro e todos o chamaram de Obaluaiê, todos davam vivas ao Senhor da Terra, Obaluaiê.

BELA CAÇADORA

Euá era uma caçadora de grande beleza, que cegava com veneno quem se atrevesse a olhar para ela.

Euá casou-se com Omulu, que logo demonstrou ser marido ciumento.
Um dia, envenenado pelo ciúme doentio.
Omulú desconfiou da fidelidade da mulher e a prendeu num formigueiro.
As formigas picaram Euá quase até a morte e ela ficou deformada e feia. Para esconder sua deformação, sua feiúra, Omulú então a cobriu com palha-da-costa vermelha.
Assim todos se lembrariam ainda como Euá tinha sido uma caçadora de grande beleza.

CABAÇAS

Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de Xangô, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obaluaiê. Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a Xangô. Iansã foi e lá e Obaluaiê recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora.

Iansã ia muito apressada e não aguentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obaluaiê.

Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para o céus. Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça. Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii! Na vez da terceira cabaça Xangô chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.

CALMANTE

Xapanã, originário de Tapa, leva seus guerreiros para uma expedição aos quatro cantos da terra. Uma pessoa ferida por suas flechas ficava cega, surda ou manca,Obaluaê-Xapanã chega ao território de Mahi no norte de Daomé, matando e dizimando todos os seus inimigos e começa a destruir tudo o que encontra a sua frente.

Os Mahis foram consultar um Babalaô e o mesmo ensinou-os como fazer para acalmar Xapanã. O Babalaô diz que estes deveriam trata-lo com pipocas, que isso iria tranqüilizá-lo, e foi o que aconteceu.
Xapanã tornou-se dócil.
Xapanã contente com as atenções recebidas mandou construir um palácio onde foi viver e não mais voltou ao país Empê.

CIDADE ESTRANHA
Oxum conheceu o príncipe Odé, cuja a delicadeza e a finura a cativaram, acabaram se casando.
O casamento foi muito festejado, mas assim que começaram a vida íntima, Oxum começou a compreender mais profundamente os pensamentos do esposo. Ele queria construir uma cidade destinada a abrigar odadis e alakuatás (homossexuais masculinos e femininos). Já erguida a cidade, nasceu Logum, uma criança hermafrodita.
Horrorizada Oxum abandonou a cidade dos odadis.
O jovem ficou ali e foi o primeiro a ajudar Orunmilá.
Enquanto isso Oxum faz uma viagem em busca de Iemanjá, irmã de sua mãe.

Oxum ofereceu-se a sua irmã e aos sacerdotes Iorubás a ir buscar Ogum que estava recluso na mata desde a que perdera a disputa com Xangô por causa da Oiá.

Retornando ao palácio de Iemanjá, depois da festa de boas vindas a Ogum, Oxum conheceu Obaluaiê, homem já de certa idade mas de aspecto majestoso e viril.
Oxum e Obaluaiê casaram-se e partiram para a terra de jejes onde Obaluaiê era rei.

CLAUSURA
 

Euá, filha de Obatalá e Nanã, vivia em seu castelo como se estivesse numa clausura.
O amor de Obatalá por ela era muito estranho.

A fama da beleza e da castidade da princesa chegou a todas as partes, inclusive ao reino de Xangô.
Mulherengo como era, Xangô planejou como iria seduzir Euá.
Empregou-se como jardineiro no palácio de Obatalá.
Um dia Euá apareceu na janela e admirou-se de Xangô. Nunca havia visto um homem como aquele.
Não se tem notícia de como Euá se entregou a Xangô, no entanto, arrependida de seu ato, pediu ao pai que lhe enviasse a um lugar onde nenhum homem lhe enxergasse.
Obatalá deu-lhe o reino dos mortos.

Desde então é Euá quem, no cemitério, entrega a Oiá os cadáveres que Obaluaiê conduz para que Orixá-Okô os coma.
CONSAGRAÇÃO
Omolú se dedicou a conhecer as ervas e assim poder curar as doenças de seu povo, se tornando o grande curandeiro dos enfermos acometidos por doenças da pele e por doenças que causam a grande febre do corpo e consomem com suas feridas os homens.
Se sentindo seguro e como era muito aventureiro resolve caminhar pela terra e conhecer seu povo.
Após uma longa jornada buscou a sombra de uma palmeira frondosa para descansar e adormeceu.
Foi acordando com uma voz que queria saber o porquê de estar ali dormindo e se necessitava de algo.
A vós que o acordou era de um homem já maduro e este era seu pai Oxalá, que não sabia de sua existência e os dois trocaram informações, Omolú ofereceu água e vinho de palma para Oxalá, e Oxalá ficou muito satisfeito com essa gentileza e a conversa se estendeu de forma que Oxalá ficou sabendo dos conhecimentos de Omolú, com relação a cura das doenças da pele.
E, em baixo da palmeira, Oxalá consagrou Omolú, tornando-o assim Òbá Lú Aiyé,
O Rei do Mundo, ou O Rei da Terra.
DANÇARINA
Certa vez houve uma festa com todos os Orixás presentes.
Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele.
Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra.
Tanto girava Oiá na sua dança que provocava vento.
E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê.
Para surpresa geral, era um belo homem.
O povo o aclamou por sua beleza.
Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato e em recompensa, dividiu com ela o seu reino.
Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos.
Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns.
Oiá então dançou e dançou de alegria para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava , agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.
Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos.
Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.
DESCOBERTA
Há quem diga que Oiá foi namorada de Obaluaê e conseguiu que ele mostrasse o rosto sob as palhas.
Provocou um grande vento e o azê foi levantado.
Ficou surpresa por que o rosto de Obaluaê era belíssimo. Obaluaê gosta muito de Oiá e de sua espontaneidade desinteressada.
Ela é alegre, bonita, brejeira e generosa muitas vezes Oiá acompanha Euá em suas inúmeras viagens ao céu, rumo ao reino de Oxumarê, e em contrapartida Oiá é acompanhada pela Euá no transporte dos espíritos do aiê ao orun.
DISFARCE
Um dia em uma festa, onde Oiá a grande deusa dos ventos era homenageada, e todos se divertiam e dançavam, Omolú reparou em uma linda mulher que dançava graciosamente, fazendo movimentos sensuais e que ao vê-lo de longe, se encantou por ele e indo até ele o convidou a dançar. Omulu sem saber como reagir, tomou o caminho da mata, nesse momento Ogum seu irmão ao perceber o que estava acontecendo, correu mata à dentro e confeccionou um capuz com a palha encontrada na mata e fez Omolú colocá-lo.
Se sentido seguro por ter o rosto coberto Omolú se aproximou de Oiá que o havia convidado para dançar e dançou junto com ela e ao verem como ele dançava muito bem os presentes se aproximavam para saber quem era aquele jovem que se escondia atrás daquele capuz de palha (azé).
FUGA
Xapanã sabendo-se leproso e que, por isto causava nojo e medo a todos que dele se aproximavam, procurava sempre se esconder, dando muito trabalho a Iemanjá para encontrá-lo.
 
Iemanjá resolveu prender nas vestes de Xapanã, diversos chaurôs, que facilitava a sua localização.
Por isto que quando se toca adejá, se por ventura estejam criança ocupada e dançando fingem, ou melhor, simulam uma fuga.
 
IRRESISTÍVEL
Xangô se considerava o máximo.
Mulher nenhuma no mundo conseguia resistir aos seus encantos. Era o mais belo dos reis, rico e cheio de si.
 
A fama da beleza de Euá corria mundo, e Euá não era casada.
Xangô resolveu a todo custo, seduzir Eua, nem que tivesse de trabalhar de servo em seu palácio, e foi o que fez.
Euá portadora de vidência e de premonição, previu a chegada em seu reino, de um grande senhor real que viria disfarçado de servo.
Assim preparada, ficou imune ao charme do senhor do fogo qualquer mulher que olhasse Xangô nos olhos brilhantes de fogo, cairia apaixonada.
Euá prevenida não olhava nos olhos.
O tempo foi passando e nada, Xangô irritado tentou possuí-la a força, a moça apavorada, mas muito valente deu uma mordida na mão de Xangô e soltou-se fugindo do palácio, com o rei disfarçado em seu encalço.
Xangô, furioso e pondo fogo pela boca, estava cada vez mais perto, quando Euá avistou a porta do cemitério e entrou, o que fez com que o rei de Oió fugisse apavorado, mas a tempo de dizer-lhe que ainda a possuiria de qualquer forma.
Cansada de tantas perseguições, Euá resolveu ficar residindo no Ilê Iboji, onde sempre estaria a salvo de Xangô, estabelecendo um grande relacionamento com Ikú.
Casou-se com Omolú e tornou-se senhora dos cemitérios responsável pela transformação e distribuição de todos os elementos para a decomposição do cadáver.
 
MUITOS AMORES
 
Iansã percorreu vários reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente tudo.
 
Em Irê, terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la.
Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Oxaguiã. Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo.
Depois partiu e nas estradas deparou-se com Bará. Com ele aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Odé, seduziu o deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Bará.
Seduziu Logunedé e com ele aprendeu a pescar.
Foi para o Reino de Obaluaê, pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o que Oia queria e ela respondeu: 

-queria ser sua amiga.
Então, fez sua dança dos ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo, sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzí-lo, Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha:
-Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo.

-Quer mesmo aprender, Oia? Vou te ensinar a tratar dos Mortos.
Oiá venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como conviver com os Eguns e a controlá-los. Partiu então para o Reino de Xangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do rei do trovão, Iansã aprendeu mais do que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração. O fogo das paixões, o fogo da alegria e o que queima. Ela é o Orixá do Fogo.
 
OFERENDA
 
Xapanã era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste. Assim, chegou Xapanã em território Mahí, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades deSavalú e Dassa Zumê. Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou: “Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá! É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca! Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!
 
 
 

Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalú eDassa Zumê reverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no: “Totôhum! Totô hum! Atotô! Atotô!” “Respeito e Submissão!” Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: “Está bem! Eu os pouparei! Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!” Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o Grande Guerreiro não voltou mais a Empê, no territórioTapá, também chamado Nupê.

RECOMPENSA

 

Houve uma festa e todos os Orixás estavam presentes. Menos Xapanã, que ficara do lado de fora.
Ogum pergunta por que o irmão não vem e Nanã responde que é por vergonha de suas feridas causadas pelas doenças.
Ogum resolve ajudá-lo e o leva até a floresta onde tece para ele uma roupa de palha que lhe cobre o corpo todo. O filá! Mas a ajuda não dá muito certo, pois muitos viram o que Ogum fizera e continuavam a ter nojo de dançar com o jovem Orixá, menos Iansã, altiva e corajosa, dança com ele e com eles o vento de Iansã que levanta a palha e para espanto de todos, revela um homem lindo, sem defeito algum.

Todos os Orixás presentes, ficam estupefatos com aquela beleza, principalmente Oxum, que se enche de inveja, mas agora é tarde, Xapana não quer mais dançar com ninguém.
Em recompensa pelo gesto de Iansã, Xapana dá a ela o poder de também reinar sobre os mortos. Mas daquele dia em diante, Xapana declarou que somente dançaria sozinho.

SOFRIMENTO

Odé grande caçador entrou na mata com seu filho, Logunedé, ensinando-lhe a arte de caçar e manejar o arco e a flecha.
Após inúmeras caçadas, Logunedé sentou-se embaixo de uma árvore para descansar.
Nessa árvore pousou um pássaro e Odé preparou sua arma e atirou.
Acertou em cheio pássaro e, também, uma colméia de abelhas. Elas foram cair justamente sobre a cabeça de Logunedé, que sem ter como se defender foi picado.
Odé vendo o desespero do filho correu a acudi-lo, sendo mordidas várias vezes.

 Conseguindo fugir, deitou seu filho em folhas frescas e, sem saber o que fazer pôs-se a chorar.Eis que o orixá Omolú vendo aquilo, parou e apiedou-se do estado de Logunedé, pois, a criança estava morrendo. Omolú tirou de sua capanga água de cana e gengibre, pilou e aplicou sobre os ferimentos, aliviando as dores. Após isto, fez o mesmo com Odé, curando-o completamente.
Odé então lhe disse: Senhor dos aflitos ponho o meu reino a seus pés e toda a minha caça que daqui por diante eu conseguir, comeremos juntos.
Omolú agradeceu e seguiu seu caminho.
Então Odé jurou que nunca mais comeria o mel, pois, o mel o faria lembrar todo o sofrimento seu e de seu filho.

VENTO

Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de Xangô, teria  ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obaluaiê.

Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a Xangô.
Iansã foi e lá Obaluaiê recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora.
Iansã ia muito apressada e não agüentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obaluaiê.
Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para os céus.
Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça.
Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii!
Na vez da terceira cabaça Xangô chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.

VIAGEM PREMIADA

De volta de uma de suas viagens à África, Nanã Buruquê deu a luz a um menino,Obaluaê. Por causa do feitiço usado por Nanã para engravidar, Omolu nasceu todo deformado. Desgostosa com o aspecto do filho, Nanã abandonou-o na beira da praia, para que o mar o levasse. Um grande caranguejo encontrou o bebê e atacou-o com as pinças, tirando pedaços da sua carne.

Quando Omolu estava todo ferido e quase morrendo, Iemanjá saiu do mar e o encontrou. Penalizada, acomodou-o numa gruta e passou a cuidar dele, fazendo curativos com folhas de bananeira e alimentando-o com pipoca sem sal nem gordura até o bebê se recuperar. Então Iemanjá criou-o como se fosse seu filho.

Obaluaiê e Omulu são irmãos?

Obaluaiê e Omulu são irmãos? Isso varia de tradição para tradição. Há uma lenda que diz, que Nanã joga Obaluaiê nas águas e que das águas, Iemanjá vem e recolhe Obaluaiê e o cria. Na antiga tradição africana, os meninos que nasciam muito doente, eram considerados espíritos das águas e então eram jogados na água e pelo ponto de vista ocidental, parece uma coisa terrível, mas na época e para a cultura da época, nós não podemos julgar porque é uma coisa de muitos séculos atrás. Então, a história diz que Nanã teve um casal de gêmeos, daí a grande relação de Obaluaiê e Omulu com os abicus. Nanã teria na realidade uma menina e um menino, e como era de praxe nessas gerações abicus, quando as crianças nascem muito doentes, naquela época, o menino fraco não poderia trabalhar, não poderia caçar, então era devolvido às águas, e a menina mesmo doente permaneceu viva, porque apesar dela não poder trabalhar, ela poderia mais pra frente se sobrevivesse, ela poderia parir, trazer novos filhos. Então os meninos neste sentido se davam muito mal, porque eles eram atirados nas águas. Então conta à história que o menino Obaluaiê foi atirado às águas e a menina Omulu, gêmea de Obaluaiê, foi mantida perto da mãe Nanã e sobreviveu para gerar outras crianças. Daí se explica a profunda relação tanto de Obaluaiê, quanto de Omulu com os espíritos abicus das crianças que nascem para morrer. E realmente a prática do dia a dia nos ensina e nos mostra que pessoas de Obaluaiê ou de Omulu, geralmente, quase sempre, têm grande relação, grandes fundamentos, se elas não são abicus no sentido literal da palavra, mas normalmente tem uma grande relação neste contexto abicu. Neste caso então, Omulu representaria a polaridade feminina e Obaluaiê, a polaridade  masculina de uma mesma força, ou seja, são os grandes deuses, os grandes orixás das doenças epidêmicas, são Orixás que regem as epidemias, não só a varíola e a lepra, mas todas as epidemias de uma forma geral. Obaluaiê e Omulu são os médicos das multidões, os curadores das multidões.

Obaluaiê/Omulu

Lendas de Obaluayê/Omulu
 
Obaluaiyê quer dizer “rei e dono da terra” sua veste é palha e esconde o segredo da vida e da morte. Está relacionado a terra quente e seca, como o calor do fogo e do sol – calor que lembra a febre das doenças infecto-contagiosas. O lugar de origem de Obalúayé é incerto, há grandes possibilidades que tenha sido em território Tapá (ou Nupê) e se esta é ou não sua origem seria pelo menos um ponto de divisão dessa crença. Conta-se em Ibadã , que Obalúayé teria sido antigamente o Rei dos Tapás. Uma lenda de Ifá confirma esta última suposição. Obalúayé era originário em Empê ( Tapá ) e havia levado seus guerreiros em expedição aos quatros cantos da terra. Uma ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas.
OBALÚAYÉ representa a terra e o sol, aliás, ele é o próprio sol, por isso usa uma coroa de palha (AZÊ) que tampa seu rosto, porque sem ela as pessoas não poderiam olhar para ele. Ninguém pode olhar o sol diretamente. Esta fortemente relacionado os troncos e os ramos das árvores e transporta o axé preto, vermelho e branco. Sua matéria de origem é a terra e, como tal, ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espiritos contidos na terra. O colar que o simboliza é o ladgiba, cujas contas são feitas da semente existente dentro da fruta do Igi-Opê ou Ogi-Opê, palmeiras pretas. Usa também bradga, um colar grande de cauris. OBALÚAYÉ é o patrono dos cauris e do conjunto dos 16 búzios, que reina do instrumento ao sistema oracular: o brendilogun, que lhe pertence. Seu poder está extraordinariamente ligado a morte. OBA significa Rei (Oni), ILU espíritos e AIYÊ significa terra, ou seja, Rei de Todos os Espíritos do Mundo. Ele lidera e detém o poder dos espíritos e dos ancestrais, os quais o seguem. Oculta sob o saiote o mistério da morte e do renascimento (o mistério do gênesis). Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó.
OBALÚAYÉ mede a riqueza com cântaros, mas o povo esqueceu-se de sua riqueza e só se lembra dele como o Orixá da moléstia.
Afirmam-se em registros bibliográficos ser Omolu e Obaluaiye um só Orixá em dois estágios: Obaluaiye (o Moço), significa o “Dono da Terra da Vida”; Omolu (o Velho) significa o “Filho-da-Terra”. É o médico dos pobres; o senhor dos cemitérios. Usa o azê (capacete de pele da Costa) ou o filah (capuz de palha da Costa) e carrega na mão o xaxará (feixe de fibra de palmeira, enfeitado com búzios) Seu dia é a segunda-feira. Sua comida forte é o doburu (pipocas sem sal, coco fatiado e regado com mel). Registram-se 12 qualidades atribuídas a esse Orixá, que também é considerado o mais antigo do Panteão Afro, sendo as mais conhecidas: Sapata, Xapanan, Babalu, Azoane, Ajagum, Ajunsun e Avimage.
 

Lendas

 
… tranquilizando o guerreiro
Era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste. Assim, chegou Xapanã em território Mahí, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades de Savalú e Dassa Zumê. Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou: “Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá! É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca! Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!”
 
Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalú e Dassa Zumê reverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no: “Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!” “Respeito e Submissão!” Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: “Está bem! Eu os pouparei! Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!” Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o Grande Guerreiro não voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê.

 

… a vingança

Por prudência, é preferível chamá-lo Obaluaê, o “Rei, Senhor da Terra” ou Omulú, o “Filho do Senhor”. Quando Xapanã instalou-se entre os Mahis recebeu, em uma nova terra, o nome de Sapatá. Aí, também, era preferível chamá-lo Ainon, o “Senhor da Terra”, ou, então, Jeholú, o “Senhor das pérolas”. O fato de ser chamado Jeholú e Ainon causou mal-entendidos entre Sapatá e os reis do Daomé, pois eles também usavam estes títulos. Enciumados, os Jeholú de Abomey expulsaram, várias vezes, Jeholú Ainon do Daomé e obrigaram-no a voltar momentaneamente, à terra dos Mahis. Jeholú Ainon vingou-se: vários reis daomeanos morreram de varíola! Atotô!
 
… o mel de Ósun
Obaluaiê era muito mulherengo e não obedecia a nenhum mandamento que fosse. Numa data importante, Orunmilá advertiu-o que se abstivesse de sexo, o que ele não cumpriu. Naquele mesmo dia possuiu uma de suas mulheres.
Na manhã seguinte despertou com o corpo coberto de chagas. Suas mulheres pediram a Orunmilá que intercedesse junto a Olodumare, mas este não perdoou Obaluaiê, que morreu em seguida.
Orunmilá usando o mel de Osun, despejou-o por sobre todo o palácio de Olodumare. Este, deliciado, perguntou a Orunmilá quem havia despejado em sua casa tal iguaria. Orunmilá disse-lhe que havia sido uma mulher. Todas as divindades femininas foram chamadas, mas faltava Osun, que confirmou ao chegar que era seu aquele mel. Olodumare pediu-lhe mais, ao que Osun lhe fez uma proposta. Osun daria a ele todo o mel que quisesse, desde que ressuscitasse Obaluaiê. Olodumare aceitou a condição de Osun, e Obaluaiê saiu da terra vivo e são.
 

… o belo

Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Omulu viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os Orisás. Omulu não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia do Orisá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos.
Apesar de envergonhado, Omulu entrou, mas ninguém se aproximava dele. Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Omulu e dele se compadecia. Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão. O xirê estava animado.
Os Orisás dançavam alegremente com suas equedes. Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de palha, levantou-lhe as palhas que cobriam sua pestilência. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Omulu pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Omulu, o deus das doenças, transformara-se num jovem, num jovem belo e encantador.
Omulu e Iansã Igbalé tornaram-se grandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos dos mortos, partilhando o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens.

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