Os nove filhos de Oyá

1  –  Imalegã – Nasceu no primeiro dia. Foi tirado do ventre de Oiá pelas Iyamis e envolvido em abanos.

2 – Iorugã – Foi envolvido em palha seca e alimentado com talos de bananeira. Nasceu com a vaidade de Oiá e é o preferido.

3 – Akugã – Nasceu do terceiro dia da tempestade e foi criado nas touceiras de bambu. É rebelde. Não se deve tocar o chão do bambuzal.
4 – Urugã – Alimenta-se das folhas das bananeiras e esconde-se nas florestas. Faz buracos.
5 – Omorugã – Alimenta-se do pó do bambu que está caído no chão. Vive no milharal e fica escondido nos bambuzais observando os seres humanos.
6 – Demó – Oiá cobriu-o de lama para saber os segredos de seus inimigos. Usa pele de búfalo para acompanhar Oxóssi.
7 – Reigá – Acompanha os mortos e ronda os cemitérios. Esconde-se nas grandes árvores dos cemitérios e ronda as sepulturas à procura de objetos perdidos ou esquecidos pelas pessoas.
8 – Heigá – É violento e vive perseguindo o Ori do ser humano. Propicia desastres e desordens.
9 – Egungun – Oiá preparou-o para combater. Apossa-se do ser humano, fazendo-o cometer desatinos.

OS FILHOS DE IANSÃ

Os filhos de Iansã são pessoas que chamam a atenção por sua postura física alongada e imponente. Alegres, fortes e muito carismáticos, atraem as pessoas como abelhas ao mel. Para eles, não ser o centro das atenções é o fim. Sentem grande necessidade de serem paparicados, elogiados e conseguem isso com facilidade, principalmente porque são pessoas agradáveis de conviver. Às vezes, são temperamentais e por qualquer coisa brigam e explodem. Como não temem perder suas amizades, falam o que desejam, sem pensar nas conseqüências. Seus amigos mais íntimos aprendem a conviver com seu gênio e se divertem, afinal, por insistir em muitas coisas é que consegue benefícios para si e para os outros.
Seu espírito aventureiro faz com que quem se apaixone por um regido de Iansã, viva constantemente com medo de perde-la. 
 
 
Apesar de não se entregar à traição quando está apaixonada, não resiste em fazer jogos de sedução com terceiros, o que faz com que a pessoa amada se sinta desvalorizada. Para conviver com um regido por Iansã, é preciso ter nervos fortes e saber ser dura (o), pois eles não gostam de pessoas meladas que se mostrem dependentes de seu amor. Precisam sentir que podem perder essa pessoa, por isso é importante fingir que não liga para qualquer tipo de joguinhos de sedução. Demoram a formar família e, quando o fazem, não deixam que o casamento tire sua liberdade. O problema é que, diante das crises, fazem verdadeiras tempestades e podem passar dias sem falar com quem ama, até sua intensa raiva passar.Não são muito dados ao diálogo.
 
 
Sua grande força e energia podem ser percebidas no trabalho. Fazem tudo com muita dedicação e sempre com o objetivo de alcançar um cargo melhor, de preferência de comando. Seu atrevimento faz com que os chefes fiquem sempre atentos ao que fazem e, como não são bobos, acabam mostrando seus talentos nas horas que ninguém espera. Seu jeito impulsivo também faz com que perca boas oportunidades, mas como não tem medo do amanhã, acabam fazendo o universo trabalhar a seu favor.
 
 
Como seus sentimentos são sempre intensos, parecem uns vulcões a explodir, podem sofrer com graves alergias e problemas no aparelho respiratório; isso porque, emocionalmente, não conseguem lidar bem com o mundo. É como se tivessem sempre à frente de seu tempo. Devem procurar relaxar, fazendo mais viagens sempre junto à natureza e buscar expandir o lado espiritual e lembrar sempre de que não conseguem comandar o mundo.
 
 
Os filhos de Iansã são pessoas agitadas, ciumentas, irrequietas, autoritárias, são dóceis e intempestivas a um só tempo. São audaciosos, alegres, líderes, vaidosos, sendo ainda irritáveis e vingativos; perseguem seus desejos, são impacientes e ficam logo com raiva, são diretos no que querem, e não escondem sentimentos de ninguém. Seduzem com muita facilidade através de sua sensualidade e charme, costumar ser inconstantes no amor, porém quando se apaixonam, vão até o final. 
 
 
São pessoas de atitudes repentinas, sejam de ira, felicidade e de vontade de celebrar a vida sem qualquer motivo aparente. Abrem-se totalmente em seus relacionamentos, mas exigem lealdade. As mudanças súbitas de temperamento podem estar relacionadas ao surgimento de qualquer obstáculo ou alguma coisa que impeça a realização de seus desejos imediatos.
 
 
Uma grande ofensa é a agressão de qualquer espécie aos seus filhos. O agressor terá um adversário até a morte. São pessoas propensas a dar grandes guinadas em suas próprias vidas, a qualquer momento, sem se importar com ninguém. Não gostam de se prender a ninguém, pois são livres como o vento, a mais pura representação de seu Orixá. Os filhos de Iansã devem vigiar os rins e a vesícula biliar, pois podem vir a sofrer com problemas nestes órgãos.

Iansã

Oyá / Iansã

Ela é a deusa dos ventos, das tempestades, dos tufões, dos elementos aéreos ligados ao relâmpago (ar + movimento = ao fogo). É a deusa do rio Níger da África que em iorubá, chama-se Odò Oya. Comanda os eguns (os mortos). Extrovertida e sensual como poucas. Foi a primeira esposa de Xangô. Tinha um temperamento ardente e impetuoso. Destemida, justiceira e guerreira, não teme a nada.
Registram-se, em literatura, 17 qualidades sendo as mais conhecidas: Oyá, Onira, Bagam, Egunitá, Benek, Cenou, Bomini e Muriai, a Iansã-do-Bale que preside a festa dos Egun).
 

Lendas

… ventos e eguns

Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de Xangô, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obaluaiê. Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a Xangô. Iansã foi e lá Obaluaiê recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora. Iansã ia muito apressada e não aguentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obaluaiê. Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para o céus. Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça. Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii! Na vez da terceira cabaça Xangô chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.
Ela tinha um temperamento ardente e impetuoso. Foi a única entre as mulheres de Xangô que , no fim do seu reinado, o seguiu em sua fuga para Tapá. Quando ele recolheu-se para baixo da terra em Cosso, ela fez o mesmo em Yiá.
 
 
… a ira da mulher búfalo

 

Ogum foi caçar na floresta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo veio em sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no animal, Ogum tratou de segui-lo. O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiu sua pele, transformando-se numa linda mulher. Era Iansã, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre. Iansã fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que Ogum tinha visto tudo. Assim que ela se foi, Ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu celeiro.
 
Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte. Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a trouxa. Tornou à cidade e encontrou Ogum, que lhe disse estar com ele o que procurava. Em troca de seu segredo ( pois ele sabia que ela não era uma mulher e sim animal ), Iansã foi obrigada a se casar com ele; apesar disso, conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de comentar o assunto com qualquer pessoa.
 
Chegando em casa, Ogum explicou suas outras esposas que Iansã iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem; enquanto Ogum saía para trabalhar, Iansã passava o dia procurando sua 
trouxa.
 
Desse casamento nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar Ogum e ele acabou relatando o mistério que envolvia Iansã. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: “Você pode beber, comer e exibir sua beleza, mas a sua pele está no depósito, você é um animal.” Iansã compreendeu a alusão. Depois que Iansã encontrou então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando apenas seus filhos. 
 
Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres e orientou-os para, em caso de perigo deveriam bater os chifres um contra o outros; com esse 
sinal ela iria socorrê-los imediatamente. E por esse motivo que os chifres estão presentes nos assentamentos de Iansã/Oyá.
 
… Orixá do fogo

 

Embora tenha sido esposa de Xangô, Iansã percorreu vários reinos e conviveu com vários Reis. Foi paixão de Ogum, Oxoguian e de Exú. Conviveu e seduziu Osóssi, Logun-Edé e tentou em vão relacionar – se com Obaluaê. Sobre este assunto a história conta que Iansã percorreu vários Reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente tudo. Em Irê, terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la. Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Osogiyan .Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo.Depois partiu e nas estradas deparou-se com Exú. Com ele aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Osóssi, seduziu o Deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Exú. Seduziu Logun-Odé e com ele aprendeu a pescar. Foi para o Reino de Obaluaê, pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o que Oyá queria e ela respondeu: 
-“queria ser sua amiga”. 
 
Então, fez sua Dança dos Ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo, sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzi-lo, Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha: 
-“Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo.”
– “Quer mesmo aprender, Oyá? Vou te ensinar a tratar dos Mortos”.

 

 
Venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como conviver com os Eguns e a controlá-los. Partiu então para o Reino de Xangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do Rei do Trovão, Iansã aprendeu mais do que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração. O fogo das paixões, o fogo da alegria e o que queima. Ela é o Orixá do Fogo. 
 
… o sopro
Oxoguian estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ogum fazia as armas, mas fazia lentamente. Oxoguian pediu a seu amigo Ogum urgência, mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Oxoguian que Oyá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ogum a apressar a fabricação.
Oyá se pôs a soprar o fogo da forja de Ògún e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamente. Logo Ogum pode fazer muitas armas e com as armas Oxoguian venceu a guerra. Oxoguian veio então agradecer Ogum. E na casa de Ogum enamorou-se de Oyá. Um dia fugiram Oxoguian e Oyá, deixando Ògún enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Oxoguian voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oyá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Oxoguian, onde vivia, Oyá soprava em direção à forja de Ogum. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Oxoguian da de Ogum. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor atiçava. E o povo se acostumou com o sopro de Oyá cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oyá a forja de Ogum. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias.
O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oyá e o povo chamava a isso tempestade.
 
… respeito

 

Oiá desejava ter filhos, mas não podia conceber Oiá foi consultar um babalaô e ele mandou que ela fizesse um ebó. Ela deveria oferecer um carneiro, um agutã, muitos búzios e muitas roupas coloridas. Oiá fez o sacrifício e teve nove filhos. Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia:
“Lá vai Iansã”.
Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes.E lá ia ela toda orgulhosa ao mercado vender azeite-de-dendê. Oiá não podia ter filhos, mas teve nove, depois de sacrificar um carneiro, e em sinal de respeito por seu pedido atendido Iansã, a mãe de nove filhos, nunca mais comeu carneiro.
 
… corajosa e atrevida

 

Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes. Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele. Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra. Tanto girava Oiá na sua dança que provocava vento.E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê. Para surpresa geral, era um belo homem. O povo o aclamou por sua beleza.
Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato e em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos. Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns.
Oiá então dançou e dançou de alegria para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava , agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.
Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos.
Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu. 

 

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