Oxóssi mata a grande Dan (Lenda)

Conta a lenda que certo dia, Oxóssi chegou em sua aldeia quase arriado pelo peso da capanga, das cabaças vazias, pelo cansaço de rastrear a caça rara.

 

Oxum sua mulher e mãe de seu filho olhou para ele e pensou “só caçou desgraça, pois a desgraça para Oxóssi foi prevista por Ifá que alertou Oxum”, porém quando ela contou a Oxóssi sobre essa previsão, ele disse que a desgraça era a fome.

 

A mulher sem leite, a criança sem carinho e que desgraça maior era o medo do homem. Quando Oxóssi se aproximou de Oxum ela notou que ele trazia algo na capanga. Sentiu medo e alegria. Havia caça na capanga do marido e aí imaginou se seria um bicho de pêlo, se seria um bicho de pena. Ansiosa perguntou a ele que respondeu: “-Trago a carne que rasteja na terra, trago a carne que rasteja na terra e na água, no mato, e no rio, o bicho que se enrosca em si mesmo”. Falando isso retirou da capanga, os pedaços de uma grande cobra.

 

O bicho revira a cabeça. Revirava a cabeça e os olhos, agitava a língua partida e cantava:

 

– “Não sou bicho de pena para Oxóssi matar”.

 

A cobra pretendia dizer com certeza que pertencia a Xangô e Oxóssi não poderia tê-la matado.

 

Oxum fugiu temendo a vingança de Xangô e foi consultar Ifá que disse:

 

 – “A justiça será feita, assim o corpo de Oxóssi irá desaparecer, apagando-se da memória da grande cobra. O ouê desaparecerá da vingança de Xangô e fazia parte da punição que Oxóssi saísse da memória do povo de Ketú”.

 

E ele ficou por sete anos esquecido.

 

No dia do Oruncó, o nome do Orixá de cada um, o povo de Ketú começou a chorar por não lembrar o nome de seu rei. Abaixaram-se os olhos e tentaram compreender porque nunca se lembravam dele. Então Ifá ensinou-lhes um Orô, reza que se faz para o sacrifício dos animais. Após o Orô o povo começou a se lembrar de Oxóssi.

 

Ifá disse que esse era o Orô de Oxóssi, o Orixá caçador. Orixá da caça. Corajoso rei de Ketú, rei da caça que nada temia e preservava a vida dos seus filhos e dos filhos dos filhos de seus filhos. Em síntese, desconsiderar as previsões de Ifá e matar a serpente sagrada, com certeza Odé morreu, mas graças a piedade de Ifá que ouviu o lamento de Oxum e de seu povo, encantou-se, renasceu na figura de Oxóssi, o guerreiro caçador, senhor das matas, destemido rei de Alaketú.

Pombo Gira Cigana Sete Facadas

De beleza exuberante e inteligência rara, Elisa se achava uma mulher sem sorte. Vivia infeliz: todos que a cercavam, todos a quem amava pareciam sofrer com ela. Uma maldição, pensava ela. Casada, logo o marido passou a se servir de putas, embora amasse e desejasse a mulher, que só penetrou uma vez, na primeira noite. Apesar de seu tremendo desejo por Elisa, só alcançava a ereção com outras. Ela sofria pelas dores do marido. Ele a acusava de rejeitá-lo e batia nela.

No começo, nem tudo era sofrimento. Daquela única vez nasceu Vitória. A menina cresceu bonita e saudável até os sete anos. Depois começou a definhar. “É a maldição!”, Elisa se culpava. O marido se enterrou de vez nos puteiros, ia chorar sua desventura no colo das putas. Todas as especialidades médicas foram consultadas, todas as promessas foram pagas, todas as rezas foram rezadas.
 
Consultados médiuns e videntes, cartomantes e benzedeiras, padres, pastores e profetas, nada. A saúde da menina decaía dia a dia. Até que Elisa foi bater à porta de mãe Júlia, famosa mãe-de-santo. “Você nasceu com a beleza de Oxum e a majestade de Xangô, mas seu coração é de pombo gira”, disse-lhe a mãe-de-santo, depois de consultar os búzios.
 
A vida recatada de Elisa, seu senso de pudor, sua modéstia, a repressão de costumes que ela mesma se impunha, a falta de interesse pelo sexo, tudo isso negava os sentimentos de seu coração, contrariava sua natureza. A cura, a redenção dela e dos seus, tinha uma só receita: libertar seu coração, deixar sua pombo gira viver. Foi a sentença da mãe-de-santo. 
 

Leve e livre.

Ali mesmo, naquele dia e hora, sem saber como nem por quê, Elisa se deixou possuir por três homens que, no terreiro, tocavam os atabaques. O prazer foi imenso. Sentiu-se leve e livre pela primeira vez na vida.
 
Pensando na filha, voltou correndo para casa e encontrou a menina melhor, muito melhor: corria sorridente, pedia comida, queria brincar.
 
No dia seguinte, Elisa voltou ao terreiro. “Seu caminho é longo ainda”, mãe Júlia disse. Depois a abençoou e se despediu. Um dos homens com quem se deitara no dia anterior lhe deu um endereço no centro da cidade, um local de meretrício, que Elisa começou a freqüentar. Passava as tardes lá, enquanto o marido trabalhava. Voltava para casa mais feliz e esperançosa, a menina melhorava a olhos vistos.
 
Para preservar a honra do marido, Elisa se vestia de cigana, cobrindo o rosto com um véu. O mistério tornava tudo mais excitante. A clientela crescia. O marido soube da nova prostituta e quis experimentar. Na cama com a Cigana, o prazer foi surpreendente, muito maior do que sentira com Elisa e que nunca fora superado com outra mulher. Seria escravo da Cigana se ela assim o desejasse. Mas a Cigana nunca mais quis recebê-lo.
 
A insistência dele foi inútil. “Um dia te mato na porta do cabaré”, ele a ameaçou, ressentido e enciumado. Ela se manteve irredutível.
 
Num entardecer de inverno, ele esperou pela Cigana na porta do puteiro e, na penumbra, lhe deu sete facadas. Assustado, olhou o corpo ensangüentado da morta estirado no chão e reconheceu, no piscar do néon do cabaré, o rosto desvelado de Elisa. Um enfarto o matou ali mesmo.
 
Longe dali, no terreiro de mãe Júlia, o ritmo dos tambores era arrebatador. As filhas-de-santo giravam na roda, esperando a incorporação de suas entidades.
Na gira, exus e pombo giras eram chamados. Os clientes, que lotavam a platéia, esperavam sua vez de falar de seus problemas e resolver suas causas. As entidades foram chegando, e o ambiente se encheu de gargalhadas e gestos obscenos. O ar cheirava a suor, perfume barato, fumaça de tabaco, cachaça e cerveja. A força invisível da magia ia se tornando mais espessa, quase podia ser tocada.
 
Cada entidade manifestada no transe se identificava cantando seu ponto. De repente, uma filha-de-santo iniciante, e que nunca entrara em transe, incorporou uma pombo gira.
 
Com atrevimento ela se aproximou dos atabaques e cantou o seu ponto, que até então ninguém ali ouvira: 
 
“Você disse que me matava
na porta do cabaré
Me deu sete facadas
mas nenhuma me acertou
Sou Pombo gira Cigana
aquela que você amou
Cigana das Sete Facadas
aquela que te matou”.
 
Mãe Júlia correu para receber a pombo gira, abraçou-a e lhe ofereceu uma taça de champanhe. “Seja bem-vinda, minha senhora. Seu coração foi libertado”, disse a mãe-de-santo, se curvando.
Pombo gira Cigana das Sete Facadas retribuiu o cumprimento e, gargalhando, se pôs a dançar no centro do salão.

Zé Pilintra (Samir Castro)

MALANDRO

Sou de Alagoas

Sou da Bahia

Sou do Rio de Janeiro

Sou Zé Baiano

Sou Zé da Lapa

Sou Zé do Morro

Sou Zé da Encruzilhada

Sou Zé Malandro

Sou Zé

Sou a astucia do novo

Sou a sabedoria do velho

Sou Exú

Sou Preto-Velho

Sou Criança

Sou o Caboclo

Sou o Baiano

Sou a Direita

Sou a Esquerda

Sou o equilíbrio

Do Bem Do Mal

Da Vida Da Morte

Sou o Caminho

Sou as Escolhas

Sou aquele que te acode nos momentos de aflição

Sou aquele que te orienta quando mais precisa

Sou a mão que ajuda os fracos e acalenta os fortes

Sou a mão que castiga o errado e ajuda o certo

Eu sou Zé Pilintra

Zé Pilintra das Almas, da Estrada, do Cruzeiro, do Cemitério, da Encruzilhada, da Calunga, da Lapa, da Bahia e de tantos outros lugares.

Sou simplesmente

Zé Pilintra e sempre estarei ao seu lado

No momento que mais precisar

 

Autor Samir Castroauto estima

 

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